sexta-feira, 26 de abril de 2013

Dom


Palavras. Conjunto de letras. Constituem frases. Ferem. Curam. Doces. Amargas. Choro. Riso. Fraqueza. Força. Destroem. Constroem. Vazio.
Palavras são ditas e jamais desditas, têm mais força do que qualquer outra coisa, têm o dom de fazer perdoar, amar, fazer esquecer e de encantar. Contudo, tudo tem um lado negro, as palavras permitem acordar de um sonho, desequilibrar, cair sem saber como levantar, permitem arruinar em segundos algo que demorou a traçar e conseguem levar-te para lá da tua dor.
O remédio para as palavras é o tempo, mas o tempo é um recurso bastante escasso. O tempo é perito a curar a dor sem nos dar certeza de algo melhor. É necessário a dose de tempo certa, tudo nos marca e esses sinais não podem ser arrancados por nós ou por outro. Nem sempre o tempo é bem-sucedido pois também ele tem que cuidar das suas próprias feridas.
O pior é quando deixamos de acreditar na força das nossas palavras, sendo um sabor de derrota com um pouco de mentol. Recebemos num sopro o desejo de tornar o longe em perto, o escuro em luz e as palavras em acções.
A noite traz a distância que não me acalma, traz o sentimento de menina perdida, fazendo com que queira sair da pele e perceba o quanto uma pessoa se pode sentir sozinha.


"Tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salve
Do que o medo fechou
Tu que sabes tanto do sol
És uma espécie de outra margem de mim (...)"


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