sexta-feira, 26 de abril de 2013

Dom


Palavras. Conjunto de letras. Constituem frases. Ferem. Curam. Doces. Amargas. Choro. Riso. Fraqueza. Força. Destroem. Constroem. Vazio.
Palavras são ditas e jamais desditas, têm mais força do que qualquer outra coisa, têm o dom de fazer perdoar, amar, fazer esquecer e de encantar. Contudo, tudo tem um lado negro, as palavras permitem acordar de um sonho, desequilibrar, cair sem saber como levantar, permitem arruinar em segundos algo que demorou a traçar e conseguem levar-te para lá da tua dor.
O remédio para as palavras é o tempo, mas o tempo é um recurso bastante escasso. O tempo é perito a curar a dor sem nos dar certeza de algo melhor. É necessário a dose de tempo certa, tudo nos marca e esses sinais não podem ser arrancados por nós ou por outro. Nem sempre o tempo é bem-sucedido pois também ele tem que cuidar das suas próprias feridas.
O pior é quando deixamos de acreditar na força das nossas palavras, sendo um sabor de derrota com um pouco de mentol. Recebemos num sopro o desejo de tornar o longe em perto, o escuro em luz e as palavras em acções.
A noite traz a distância que não me acalma, traz o sentimento de menina perdida, fazendo com que queira sair da pele e perceba o quanto uma pessoa se pode sentir sozinha.


"Tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salve
Do que o medo fechou
Tu que sabes tanto do sol
És uma espécie de outra margem de mim (...)"


segunda-feira, 22 de abril de 2013

Fica


“Sentes que o tempo acabou
Primavera de flor adormecida.
Qualquer coisa que não volta, que voou (…) ”

Como é que se pede a algo que já não está aqui para não se ir embora? Eu não sei.
Não sei como dizer ao meu coração que está na hora de se ir habituando a não ter os mesmos motivos para se agitar. Não sei mesmo como lhe dizer que é uma questão de dias para tudo se tornar apenas recordações. Não consigo dar más notícias. Não consigo ver que cada pessoa tem o seu próprio passo de dança e não nos conseguimos acompanhar. 

sábado, 20 de abril de 2013

Incomensurável

Existem momentos que são difíceis de se viver, pessoas difíceis de se querer e até de se esquecer. Torna-se complicado olhar para algo cheio e ter a percepção de que está vazio, tão vazio como o teu próprio eu. 
É complexo lidar com os sentimentos, lidar com o facto das coisas mudarem. É delicado perceber-se que apenas os irmãos são uma ponte do passado com o futuro e dói quando paramos e deixamos de querer ocupar o cérebro e o coração e percebemos o que já perdemos, o que já nos tiraram e do que já abdicamos. 
Mas o que custa mais é a certeza de que não acaba aqui, iremos ter sempre uma caixinha de perdidos e achados que nos vai acompanhar para qualquer sítio.
O que me tira o ar e me faz sentir um nó na garganta é sentir e saber que os meus planos de hoje que se irão concretizar amanhã, não são os mesmo que os de ontem nem posso contar com eles. 
No entanto, o que me faz acordar de madrugada e falar com os olhos é a sensação de cansaço, de que já não tenho forças e que me iludi ao pensar que conseguiria andar como se não estivesse a morrer por dentro. A luta nem sempre é justa, umas vezes ganha a racionalidade e outras o sentimentalismo- é uma coisa que não mata mas que mói e destrói. 

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Pessoas Boas

Começo a duvidar na existência de pessoas boas, talvez ainda hajam por ai perdidas em nenhures com medo que as más pessoas as descubram. As coisas más acontecem ás pessoas boas, acho isto tão triste e deixa-me com um aperto no peito porque significa que estou a perder a esperança.
A pior coisa que nos pode acontecer é perdermos a esperança e começarmos acreditar que as pessoas não aprendem com os erros. 
Neste momento, apetece-me fechar os olhos e voltar ao tempo em que via o mundo de outra forma, em que me concentrava no lado bom das pessoas mesmo que fosse apenas 5% delas e mesmo que convivesse diariamente com o lado mau, pensava isso mesmo que era somente um dia mau e acreditava com muita força que conseguia fazer com que o lado bom crescesse e permanecesse.
Sempre segui o coração mas deixei de acreditar em magia.
Eu gostava tanto do meu mundo mas, infelizmente, o mundo já não é o que eu conhecia e anda tão distraído que vai perdendo as pessoas boas da vida sem lhes dar valor.