terça-feira, 21 de agosto de 2012

S


As saudades são um enigma, no qual não consigo descobrir a palavra-chave certa para obter a forma da sua extinção. É um sentimento que tem vontade própria.
Saudade, que mal te fizemos nós, pessoas, para não nos tirares este nó na garganta que nos fazes suportar?
Porque é que por mais voltas que demos, por mais pessoas que conheçamos existe sempre uma porta com o teu nome neste labirinto? 
Quem fez de ti, palavra tão portuguesa, senhora dos nossos narizes? 
Porque não se cria nada para preencher o vazio que a saudade nos causa? Porque é que uma palavra que nos faz sofrer, demostra tanto o quanto somos pessoas?
Porque é que quando queremos falar de ti, expressar o quanto és enorme e o quanto nos diminuis ao teu lado, as palavras não funcionam e são os olhos que falam por si?
Porque é que me fazes temer-te tanto?

Sou demasiado pequena para te suportar.  

sábado, 18 de agosto de 2012

Procura-se um Amigo

" Não precisa ser homem, basta ter sentimentos, basta ter coração.
Precisa de saber falar e de sabe calar, sobretudo de saber ouvir.
Tem de gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, do sol, da lua, do canto dos ventos e da canção das brisas.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir a dor de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que todos os passantes levam consigo.
Deve guardar segredos sem se sacrificar.
Deve gostar de cidades e dos campos; deve gostar de crianças e ter pena delas morrerem.
Deve gostar de ruas desertas, de poucas chuvas e de caminhos molhados, do mato depois da chuva, da beira da estrada e de se deitar no capim. 
Deve ter um grande ideal e ter medo de o perder; se assim não for, deve sentir o grande vazio que isso deixa.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado...todos os amigos são enganados!
Tem que ter ressonâncias humanas. O seu principal objectivo deve ser o de ser amigo. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostares. Que se comova quando chamado de Amigo, que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e de recordações de infância.
Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer: para se contar o que se viu de belo e de triste durante o dia. Para se falar dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, porque se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo que creia em nós.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado, á procura de memórias queridas.
Precisa-se de um amigo que nos bata no ombro sorrindo e chorando, mas que nos chame amigo.
Precisa-se de um amigo para ter consciência de que ainda de vive! "

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Meia duzia

Podia voltar atrás, por minha vontade, trocar uns dias por uma única decisão.
É triste quando temos algo certo, mas não temos a capacidade para o reconhecer e deixamos-o fugir por entre os dedos, literalmente.
No entanto meia duzia de anos mais tarde, percebe-se que o certo era realmente o certo, contudo por mais certo que seja, infelizmente, surgiu na altura errada.
Podia ter sido evitado mas quando só olhamos a direito, escapa-nos os pormenores mais importantes. 
Tal como estar num banco de jardim ao anoitecer enquanto chove, apreciamos a lua e as pequenas estrelas mas não notamos em quem nos está a dar o brilho.