terça-feira, 28 de janeiro de 2014

(des)alma

Existem dias em que não sei se estou acordada ou a dormir, em que acho que o tempo anda ao contrário ou então que deveria andar. 
Há dias em que sair com uma meia de cada cor deveria fazer parte da etiqueta social, o café deveria ser servido frio e as macieiras deveriam dar laranjas.
Porque há dias em que não quero saber se cada coisa faz sentido, não quero perder tempo a pensar se é de dia ou de noite, se vou almoçar na hora de jantar ou andar de pijama o tempo todo.
Há dias em que dou descanso ao meu cérebro e nem me lembro de pentear o cabelo, então fica despenteado o tempo todo com o elástico à sua volta todo mal arranjado, de qualquer cor e feitio.
Nestes dias fico desligada do mundo, até é uma boa sensação, não há dores de cabeça e até acho que por momentos desaprendo a escrever e até a falar.

Mas nem todos os dias são assim e ainda bem. 

domingo, 19 de janeiro de 2014

?$$#

Há muitas coisas que não entendo e muitas delas até prefiro que assim seja. Percebê-las tornar-me-ia em algo que não quero mesmo ser.
Será que eu, alienada de qualquer poder, sem ser o de coordenar os meus membros e até isso terá um limite, posso manobrar a vida de alguém como se fossem marionetas? A minha forma de pensar, não só claramente, irá condicionar alegria ou tristeza de terceiro.
Não há nada que me meta mais comichão que coçar a comichão do outro, parece que fico com urticária quando me imagino a decidir a felicidade de alguém. Vamos lá ser sinceros, quem gostaria que houvesse um alguém a dizer o que te faz ou não feliz e que isso não seria decidido por nós. 
Haverá algo mais desumano que inferiorizar alguém ao ponto de lhe atarmos as mãos e ainda deixarmos um bilhete a dizer: A decisão está nas nossas mãos e a corda nas vossas. 
Repudia-me um pouco que hajam pessoas que cresceram mas que não evoluíram, que sejam tão poucos de si que precisam de tirar aos outros para se sentirem menos fracassados. 
Anseio que o bom senso seja como o azeite e a água, não se misture e que com ele chegue uma mensagem: Quem somos nós para decidirmos as regras do amor?

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Mais um.

Podemos comer as passas, vestir a roupa azul, saltar na cadeira e segurar numa mão uma moeda, podemos até seguir à risca todas as superstições que existem em volta do que é a nova janela que se está abrir perante a presença da porta recentemente fechada. Podemos até não pensar mais no que essa porta trancou e nos tirou, até podemos nos focar somente na nova paisagem, nos novos sons, nas novas ideias, nas novas vontades e em tudo o que desejamos na fracção de segundos que nos separa entre a nossa vida parada daquela que mais queremos alcançar.
Realmente podemos fazer tudo isto e mais coisas ainda, mas não vale de nada.
Não vale de nada se os nossos pés não acompanharem a melodia, se não nos encaixarmos nos percalços, se não tivermos força para elaborar um plano secundário sobre pressão, se não tivermos coragem de descruzar os braços e ir remar. Precisamos de controlar a direcção do nosso barco e se por momentos nos distrairmos com uma borboleta a sair do seu casulo, então que tenhamos afinco de nos adaptar a isso, de ensinar aos nossos olhos a beleza de ver em vez de olhar.


Que sejamos mais pessoas, mais borboletas, mais pormenores.
E que mesmo que não tenhamos tudo o que queremos, que tenhamos tudo o que precisamos!