quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A cada lua cheia tão cheia de simplicidade, tão incerta de uma novo dia.
A cada silêncio incontrolável sem poder para mais, sem poder para menos.
A cada desejo guardado sem vozes para os ditar.
A cada força interior sem imagem para a mostrar.
A cada olhar perdido sem opção para o encontrar.
A cada palavra pronunciada sem imaginar o seu significado.
Compensa-se por cada palavra escrita numa folha de papel, pela ingenuidade em acreditar, pelos sorrisos entregues, pela inocência, pela coragem em não desistir.
Num tempo, ora perto ora longe, talvez no fim do arco-íris, entre muitos tesouros era tudo tão certo e planeado ao pormenor.
Tudo calculado e as soluções eram diferentes, na formula apontada faltava o numero coerente.
As nuvens de algodão continuam a ser desenhos, as escadas degrau a degrau levam-te a níveis mais pequenos, contudo havia uma varinha com alguma magia, um baralho de cartas viciado, uma estrela de quatro pontas e um livro apagado.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Atenção

É uma vida, em que em cada dia se espera algo diferente.
Um momento marcante ou apenas uma palavra de apoio, em que cada vez mais, tudo muda, passas de importante a sem significado algum.
Guardas recordações em fotografias, passam-se anos e o coração na mais perfeita aflição não reage, sente-se o peso dos braços caírem sobre o próprio corpo, percebe-se que as forças foram deixadas em cada pegada.
O olhar já só vê o passado e é tudo relembrado, conta-se histórias e fala-se de memórias enquanto se está sentado no velho e sujo banco de jardim.
É lá que se entristecem, sentem-se abandonados e são tratados com desdém.
Mas com os seus sorrisos encantadores, demonstram solidariedade por quem está em fase de negação.
Porque atenção, tudo o que começa tem um fim.

domingo, 19 de dezembro de 2010

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( Uma criança dorme )

Voz: Acorda, vou ter que partir e não consigo ir sem falar contigo.
Criança: Vais mesmo?
Voz: Tem que ser, ninguém me deu um aviso.
Criança: Prometes-te que não me abandonavas.
Voz: Estarei sempre contigo, só não me vais ver.
Criança: E o que faço com as saudades que vou sentir ?
Voz: Não as esqueças. Ajudar-te-ei sempre a sorrir.
Criança: Vens-me buscar?
Voz: Quando estiveres preparada, a minha mão unir-se-á á tua.
Criança: Estar sem ti magoa.
Voz: És peça do meu coração. Agora dorme.
Criança: Eu sei que voltas.

Quando acordou, perto da sua almofada encontrou uma pequena folha de papel, onde dizia:
Diz sempre o que sentes e não partas sem avisar.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Vrai

Já imaginas-te uma andorinha sem asas ou uma túlipa sem pétalas?
Imagina como seria se andasses descalço pelos grãos de areia e não os sentisses, pensa como seria se mergulhasses no mar e a água não te tocasse.
Imagina como seria se sentisses que andavas a preencher uma folha vazia com meras ilusões.
Numa história havia uma chama de esperança e de acreditar, não se pode perder o que o destino nos ofereceu e não se pode negar quando o sol resolve brilhar.
Não escolhemos quando a noite nos envolve nem podemos evitar pensar em momentos que se recorda pela amabilidade de uma estrela.
Contudo, perdemo-nos, aprendemos, voltamos e paramos.
Erra-se e não se admite, caracteriza-se por uma ingenuidade suprema.
Existem rótulos com certas semelhanças, mas repara-se nos verdadeiros como em simples olhares de crianças.
Observa o que te rodeia, inspira energia positiva, despede-te do mais banal, absorve o melhor de ti e tira partido do melhor dos outros.
Tu és de mais, o que os outros são tão pouco.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

..

Troca-se um desejo por outro, não um melhor, um diferente.
Um que ajude a não lembrar, um que evite choques entre pensamentos.
Algo que termine com um ponto final forçado.
Como uma rua repleta de sinais de proibição, só se precisa de tempo para encontrar a saída certa, não é a mais fácil mas sim a mais correcta.
Por muito que as pálpebras se tentem fechar, resista, não deixe que seja invadida por imagens.
Por muito que queira pronunciar algumas palavras, finja.
Por muito que o coração esteja apertado, escreva.
Tudo passa, como quando uma criança anda de baloiço, sente adrenalina e grita: Mais alto! no entanto por breves instantes apodera-se de si um medo inexplicável e o seu sangue gela, acabou-se alegria momentânea.
Podemos evitar, mas estamos demasiado ocupados a complicar.
Podemos desistir e desistimos.